Capítulo 7 – A Questão da Lei Moral

Μη νομίσητε ότι ηλθον καταλυσαι τον νόμον η τους προφητας ...

“Não penseis que vim revogar a lei e os profetas”


Estabelecimento das leis fundamentais do Reino:

Lemos em Carlos Erdman, em seu comentário ao livro de Mateus:

“O Sermão do Monte é o discurso supremo da literatura mundial... Se estabelece as leis fundamentais do Reino, mas se as separássemos da pessoa divina e da obra redentora de Cristo, encheria o coração do ouvinte de perplexidade e desespero. Revelam um ideal divino e uma norma perfeita de conduta, segundo os quais todos os homens se condenam como pecadores, e que os homens podem alcançar somente com a ajuda divina. Poderia ser chamado “O sermão da Justiça Verdadeira”, porque o tema do mesmo é a justiça que o Rei exige.”


Estabelecendo uma justiça perfeita, que vai além da dos fariseus:

Jesus mostra que a justiça do Reino de Deus vai muito além das formalidades dos fariseus que faziam apenas na aparência ou seguindo estritamente a letra da lei.


As ilustrações da interpretação de Jesus da lei moral:

O sexto mandamento, o perfeito cumprimento da lei do homicídio(Mt 5:21-26).; o sétimo mandamento O perfeito cumprimento da lei do adultério (Mt 5: 27-32 ); os juramentos - A perfeita maneira de agir com relação aos juramentos(Mt 5: 33-37); ainda a respeito da vingança (Mt 5:38-42), do amor ao próximo (Mt 5: 43-48), da prática da justiça (Mt 6: 1), das esmolas (Mt 6:2-4), etc.

“Jesus propõe... ilustrações de sua interpretação da lei moral em contraste com as interpretações dos escribas e fariseus. Estes se ocupavam somente do exterior; Jesus relaciona toda a ação com o motivo e propósito subjacentes. A primeira ilustração é tomada da lei contra o homicídio. O fariseu supunha que não havia quebrado o sexto mandamento sempre que tivesse suas mãos limpas do sangue de seu irmão. Jesus, entretanto, afirma que mesmo a ira já era uma infração deste mandamento, porque se lhe fosse permitido se manifestar por meio de ações levaria ao homicídio. Indica três expressões deste mal e propõe para cada uma delas um castigo cada vez mais severo. Quem se ira contra seu irmão corre o perigo de que o tribunal local o condene. Aquele que denigre e deprecia ao seu irmão com um insulto poderá Ter de comparecer perante o tribunal supremo mas aquele que expressa sua ira com injúrias manifestas e acusações de impiedade estará exposto ao sofrimento do inferno. É assim o perfeito cumprimento da lei do homicídio que Jesus exige”.


“Jesus aplica o mesmo raciocínio ao sétimo mandamento. Afirma que é quebrado não somente com um ato pecaminoso mas também com qualquer desejo impuro”.

Imaginemos se a Igreja for disciplinar quem se ira contra seu irmão. Quando Jesus chamou Herodes de raposa estava pecando? A interpretação é que nem sempre quando cumprimos na letra o mandamento estamos livres de estar pecando e nem sempre que aparentemente descumprimos a letra do mandamento estaremos pecando. Agora aplicar isso a tudo, inclusive ao caso de adultério é difícil para o crente que já carrega o preconceito. O cumprimento da lei de forma perfeita é algo portanto que diz respeito ao íntimo da pessoa e de sua comunhão com Deus que conhece o mais íntimo de nosso ser.

Se aqueles que interpretam as palavras de Jesus com total legalidade e literalidade com relação ao divórcio considerassem da mesma forma quanto aos outros exemplos ou ilustrações que Cristo dá neste sermão, todos estariam em muito apuro. Assim como não é para jurar, em princípio, mas existe o tempo de jurar e não pecar; Jesus fala categoricamente para não jurar. No entanto sabemos que os Cristãos têm jurado e feito muitos votos, inclusive na Igreja. É claro que Jesus está condenando a maneira farisaica de chegar ao juramento colocando nas palavras um poder mágico que não têm. E no dia-a-dia não é necessário sair por aí jurando mas dizer sim para o sim e não para o não.

Assim como não é para chamar ninguém de tolo, mas alguém poderá fazê-lo um dia sem pecar, como Jesus chamou Herodes de raposa ( Lc 13:38); assim como é pecado se vingar, mas poderá haverá momentos de fazer uma represália a alguém com sã consciência; assim como é necessário amarmos a todos mas poderá chegar o momento de manifestarmos nossa disciplina que o amor manifesto não seja reconhecido por quem é disciplinado, assim também não é para separar-se qualquer casal sobre a terra mas poderá chegar um dia de um casal fazer isso por vários problemas e pecados e terem de se casar novamente para não viverem abrasados. Jesus mostra que a nossa justiça deve muito exceder a dos fariseus, isto é, no caso de divórcio, por exemplo, é muito difícil o caso que não deveria ser resolvido através de reconciliação, se seguirmos o sentido do Evangelho, mas não podemos deixar de aceitar as exceções e temos de deixar de julgá-las nos outros condenando-os quando não se sentem condenados diante de Deus.

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