Capítulo 9 - Escritos Paulinos Sobre o Divórcio

Rm 7:2,3 - Ora, a mulher casada está ligada, pela lei, ao marido...

Calvino escreveu: “No se trata aquí de considerar ni decidir algo sobre el derecho matrimonial, el Apóstol no se há preocupado de pasar revista ordenadamente a todas las causas que colocan a la mujer en libertad, apartándola de su marido. Por eso sería locura buscar aqui a esta doutrina una solución verdadera”.

Em I Tm 3: 2 lemos que É necessário que o bispo seja... esposo de uma só mulher.Aqui, como fez Crisóstomo e Calvino, reconhecemos que é proibido ao bispo ser um polígamo. Deste texto se vê estabelecido a exceção à norma de que não é para o crente aceitar a poligamia. É considerado adúltero o crente que casar-se com outra mulher, mantendo as duas. No entanto, em alguns casos, em culturas diferentes, como era o caso da judia na época do apóstolo Paulo, quando se convertiam alguns homens já casados com várias mulheres a Igreja então deverá fazer a exceção, ainda que não deixe que tais homens sejam bispos ou que eles ou outros não polígamos venham, no futuro, usar desta exceção.

Paulo tem em mente a “angustiosa situação presente” (&: 26,29,30) e a vida promíscua dos coríntios onde era muito difícil ficar sem se casar tanto eram os oferecimentos mundanos para a promiscuidade.

A regra geral é :

a) Não é correto o conceito pagão de que o celibato é a única maneira de ser santo perante Deus;

b) Quem tem o dom de Deus para ficar solteiro que fique, mas quem não tem deve se casar;

c) O casamento entre os judeus era muito valorizado como ato de não ficar sem família e descendente, mas não como valor em si da união. Entre os gentios, especialmente numa cidade como Corinto, é que o matrimônio tinha muito menos valor ainda;

d) Os princípios de Deus existem e devem ser buscados de todo o coração, e Paulo aplica-os, na orientação do Espírito de Deus, à circunstância dos coríntios.

I Co 7:

Os “sem casamento” e os viúvos (7: 8,9).
Solteiros = άγαμος, palavra que aparece quatro (4) vezes somente no NT, formada do α privativo mais γαμος que significa casamento, bodas. Portanto aos não casados, que não se refere necessariamente aos solteiros virgens, que nunca se casaram. A palavra usada para virgem é παρθένος usada quinze (15) vezes no NT, tanto para mulher como para homem. A palavra άγαμος é usada somente neste capítulo, em todo o NT. Na primeira vez, verso 8, em que Paulo se coloca entre eles, provavelmente tendo sido casado, como dá a entender a sua biografia; no verso 11 que fala sobre a mulher que tenha se separado de seu marido que fique άγαμος (sem se casar) provado aqui que o vocábulo é usado para ambos os estados, o de virgem e o de descasado, principalmente unido com a tradução do verso 34, à frente. O outro lugar é no verso 32 que fala sobre o que não é casado poder servir melhor ao Senhor, dando a entender que poderia bem ser o virgem também, pois se aplica a todos, mas que não fica descartada de jeito nenhum a possibilidade de ser descasado ou divorciado, neste caso aqui até viúvo, por não mencionar este estado especificamente; finalmente a última vez que aparece é no verso 34 que deixa claro ser usado o termo άγαμος também para virgem. O texto em português une os vocábulos e acrescenta “viúvas” mas no original está assim: “Diferentes são a mulher (significando a que é casada, esposa) e a virgem (παρθένος); a não casada (άγαμος)(significando viúvas, virgens ou descasadas) cuida das coisas do Senhor...”

Os casados ( 7: 10-16 ) e o caso das “exceções”.

É interessante que Paulo dá a entender que se trata dos casais cujos todos os dois cônjuges são cristãos, diferentemente do outro texto a respeito do marido ou esposa incrédula (7:12-16) que ele começa dizendo “aos demais”. Vejamos a aplicação paulina ao contexto da Igreja de Corinto:

Não fala da exceção dada por Cristo, no caso de fornicação. Assim sendo está claro que, se Cristo deu uma exceção em Mt. , referindo-se aos judeus, ela poderia muito bem ser aplicada aos coríntios e se Paulo não falou notamos que está aberta a porta para exceções, pelo menos esta, a de Cristo. Cristo não cita aos judeus as exceções que Paulo citaria aos coríntios, por exemplo, de que poderia separar-se e casar novamente ( não ficar sujeito à servidão, segundo interpretação, por exemplo, de Leon Morris, em seu comentário ao texto) sem contudo cometer adultério. Então está claro que o ensino de Cristo poderia trazer outras exceções, pelo menos a de Paulo. Assim também em Mr. e Lc. não encontramos nem sequer a exceção de Cristo, dada em Mt. Então, suponhamos que alguém tivesse apenas o Evangelho de Lucas, em dado momento histórico, na Igreja do primeiro ou segundo séculos, pensaria não haver nenhuma possibilidade de exceções. Ao chegar em suas mãos o Evangelho de Mateus, a Igreja entenderia que havia a exceção da fornicação. Se fossem judeus poderiam pensar até ser apenas durante o noivado, pois teriam de apedrejar os adúlteros. Mas pelo sermão do monte de Mateus entenderiam que poderiam deixar de apedrejar e que o perdão estava acima de tudo. Depois chegaria em suas mãos I Coríntios e passariam a resolver outros casos insolúveis até então, como o de uma mocinha de 18 anos, que teria o Dom de se casar, estando a viver abrasadamente e sem poder se casar porque fora abandonada pelo marido incrédulo. Sendo assim a Igreja passaria a entender o espírito da lei, o princípio e cuidaria para que o mesmo fosse cumprido no fato de serem feito casamentos com bom senso e discernimento no Senhor e procurariam fazer de tudo para não haver separações e quando houvesse, para reconciliação. Quando não fosse possível, veriam se o casal agora separado estava capacitado, cada um em separado, a viver solteiro ou poderiam aceitar para eles novo casamento, não havendo outros meios, mesmo que tristemente reconhecessem que os mesmos não estariam agindo da maneira a cumpri melhor o alvo de Deus.

Nenhum comentário: